Projetos estimulam práticas comunicativas em escolas de ensino médio e fundamental

Pauta, entrevista, fontes, edição e fechamento. São todas palavras que a princípio não fariam parte do vocabulário de adolescentes ainda na escola. Entretanto, iniciativas coordenadas por jornalistas provam que a inserção de práticas comunicativas antes mesmo da faculdade podem transformar completamente a percepção de jovens sobre mundo, independentemente da profissão que eles pretendem seguir.

Jornalista coordena projeto de educomunicação do colégio Bandeirantes
(Foto: Alexandre Sayad)
“Todo mundo lê jornal de outra maneira a partir do momento que faz a sua própria publicação”, ilustra o jornalista e educador Alexandre Sayad, que desenvolve o projeto “Idade Mídia” no Colégio Bandeirantes, em São Paulo. Além do ganho no olhar dos participantes, o jornalista destaca o surgimento de formas mais criativas de expressão.

Pioneiro em escolas privadas, o “Idade Mídia” iniciou suas atividades em 2002, uma época “em que a internet era apenas uma promessa”, recorda Sayad. A ideia inicial era criar um projeto em que, além de aprender sobre comunicação, os alunos produzissem sua própria comunicação. “Hoje talvez seja mais fácil visualizar isso, com a questão dos blogs e redes sociais, mas naquela época não havia nada disso.”

Elaborado em parceria com o também jornalista Gilberto Dimenstein, o projeto acabou virando livro em 2012, publicado pela Editora Aleph. Na obra, Sayad relata experiências de alunos no que se tornou um espaço de criatividade dentro da escola. “Eu pude medir como aquela vivencia em comunicação foi importante para o cara que virou médico, advogado ou físico.”

Promovido fora do horário de aula, o projeto busca dialogar com diversas mídias, promovendo debates, recebendo e realizando visitas, além de produzir material jornalístico. De acordo com Sayad, o curso dura até hoje por ser “mutante”.  “[O projeto] foi se articulando conforme os jovens também mudaram.”

Para o professor e jornalista Francisco Cruz, que aliou suas duas formações — Letras e Jornalismo — no desenvolvimento de um projeto na Etec Prof. Horácio Augusto da Silveira, em São Paulo, iniciativas do tipo não só despertam uma possível vocação profissional, como também uma mudança de postura em relação à informação.

“Primeiro é buscar essa informação, informar-se de fato (coisa nada comum entre os jovens). Além disso, analisar essa informação, desenvolver o senso crítico, posicionar-se em relação ao que acontece”, explica. “Junto de tudo isso vem o desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita, a grande deficiência dos jovens em geral.”

O projeto, que envolveu cerca de 280 alunos na produção de um jornal mural, fazia parte de uma disciplina chamada Sistemas de Informação e Comunicação, mas foi encerrado em 2012. “Muitos alunos, seus pais e a própria instituição não prezam pelo aprendizado, mas pela nota”, desabafa.

Do caderno para o jornal
Em julho, o diário catarinense A Notícia transformou em repórteres alunos da Escola Municipal Professora Ada Sant'Anna da Silveira, em Joinville. Os estudantes participaram de oficinas com a repórter Carol Stinghen, acompanhada pelo fotógrafo Leo Munhoz.

Projeto de SC estimula a educação pela comunicação (Foto: Leo Munhoz/ Agência RBS)

Os alunos se dividiram em grupos e, com a orientação da jornalista, buscaram pautas envolvendo a própria escola e o meio ambiente. Posteriormente, o conteúdo foi publicado no A Notícia. “Os adolescentes gostam de se ver na mídia, isso contou muito”, opinou Carol. “Eu espero que tenhamos plantado uma sementinha, para que eles sempre deem uma lida no jornal, em sites de notícias. Espero que seja um início.”

Não era a primeira vez que o jornal concretizava uma iniciativa assim. Em abril, os jovem da Escola Municipal Pastor Hans Müller também viram suas matérias nas páginas do jornal. O periódico já planeja a realização da uma terceira ação. 

Estimulando competências
Iniciativas do tipo, conhecidas como educomunicativas, não se restringem ao impresso. O programa “Nas Ondas do Rádio”, por exemplo, é uma ação desenvolvida com alunos das escolas municipais paulistanas, que possibilita o desenvolvimento de projetos em diversas mídias, especialmente o rádio. Atualmente, o programa atende cerca de 350 projetos com milhares de alunos participantes.

Segundo Carlos Lima, coordenador do programa e conselheiro municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação, trabalhar com a produção jornalística na escola “favorece o aprendizado promovendo as competências leitora e escritora. Além disso, os alunos têm oportunidade desenvolver o trabalho em equipe, a pesquisa de conteúdo, a comunicação oral e o uso das tecnologias da informação”.

Fonte: Portal Imprensa/ Edson Caldas com supervisão de Vanessa Gonçalves (http://portalimprensa.uol.com.br/noticias/brasil/60570/

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