O que pensam e querem os escritores brasileiros que estão vivendo em Portugal?
A crise política no Brasil foi um fator decisivo na recente evasão de escritores para Portugal. Os atrativos no país são vários: clima institucional civilizado, segurança e qualidade de vida. Mais significativa ainda é a possibilidade de inserção no mercado editorial dada pela mesma língua. Possibilidade, não garantia. A revista Pessoa conversou com nove desses escritores, vindos do Ceará, Piauí, Pernambuco, Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. A maioria vive na condição de emigrante pela primeira vez. A todos, um desejo comum: ser publicado e lido no país de Camões, Pessoa e Saramago.
Mirna Queiroz - Revista Pessoa
Foto: Lira Neto (Divulgação)
02/09/2019
Aprovado no processo seletivo de um doutorado, em História, na Universidade do Porto, o cearense Lira Neto, há cerca de um ano no Porto, conta que o “motivo básico da mudança foi o de fazer pesquisas para um futuro livro. Mas os ares irrespiráveis do cenário político brasileiro também pesaram na decisão.”
O jornalista e escritor - autor de uma célebre série biográfica sobre Getúlio Vargas - pretende escrever, dar aulas e “enfronhar-se” no meio literário e no mundo acadêmico em Portugal. Para ele, a inserção de autores brasileiros no mercado editorial português já é uma realidade consolidada. “Basta entrar em qualquer livraria do país e perceber a presença de livros de autores nacionais nas prateleiras, já há um público leitor considerável para a literatura brasileira em Portugal”.
Recém-chegada ao Porto, a carioca Carla Muhlhaus também tem uma visão positiva sobre a circulação da literatura brasileira em Portugal: “Sinto que há espaço para os autores brasileiros que correm atrás de colocar seus livros em livrarias independentes e há muitas delas excelentes, com ótimos livreiros e curadoria cuidadosa.” Ela sente falta, no entanto, de agências literárias para fazer a intermediação. “Pelo que pesquisei, há apenas uma em Portugal, que claramente não consegue mais atender a demanda de novos autores.”
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