Comunicações em tempos de crise – economia e política

Helena Martins analisa a uniformização de ideias e opiniões com base na concentração midiática, nos meios tradicionais e também na internet, através do poder de grupos que impõem suas visões de mundo. A autora demonstra, a partir da concepção de hegemonia e contra-hegemonia política de Antonio Gramsci, que há um forte controle midiático do debate de ideias e uma urgente necessidade de se avançar na democratização das comunicações no sentido de construir uma diversidade ideológica e conquistar uma sociedade mais justa.
Nesta obra, a autora desnaturaliza a concepção de neutralidade da tecnologia e aponta os setores sociais que estão no controle da comunicação nacional e internacional: as frações da burguesia, organizadas em grupos econômicos e políticos. Com isto, Helena Martins descreve o modo pelo qual as grandes corporações de comunicação e as tecnologias da informação integram e controlam a sociedade. E questiona a imagem positiva de modernidade e progresso veiculada pela ideologia dominante para a campanha de integração social nas redes de comunicação. A obra aponta que fatos recentes acionaram o sinal de alerta. Em diversos países foram eleitos políticos ultraconservadores, que se valeram da difusão de informações falsas por meio das redes sociais, aplicativos de mensagens e, muitas vezes, do apoio da mídia tradicional para chegar ao poder.
Uma obra atual para entender as alternativas para a democratização do sistema de radiodifusão, de telecomunicações, das novas plataformas de conexão de informações das diferentes mídias, contra o atual modelo de concentração econômica e política da informação. Voltada para todos aqueles e aquelas que desejam quebrar a dominação ideológica dos setores ultraconservadores, construir alternativas para uma comunicação democrática, e garantir o livre debate de ideias de interesse da sociedade brasileira.
Trecho do livro
“O intenso desenvolvimento tecnológico e a ampliação do acesso à informação poderiam ter gerado riqueza, saber e poder para as maiorias sociais. Por décadas, alimentou-se a expectativa de que novas tecnologias, como a internet, gerariam uma sociedade mais justa, horizontal e participativa. Ainda que esse viés democratizante não deva ser retirado do horizonte, é preciso ter em vista que não há desenvolvimento tecnológico totalmente dissociado do contexto histórico e das relações de poder já existentes. No momento atual, em que o capitalismo avança sobre toda a vida, as tecnologias têm sido utilizadas para facilitar essa ampliação. Alguns exemplos podem ser úteis para mostrar isso. Hoje, os momentos de sociabilidade se confundem com atos de consumo nas redes sociais. Nossa atenção é disputada por variadas empresas, ao passo que nossos comportamentos, inclusive os políticos, são modulados por algoritmos. Eles não definem o que queremos ou como agimos, mas acabam impactando nossas escolhas ao direcionar determinados conteúdos, baseados na leitura e no uso que fazem dos nossos dados pessoais.
As promessas de liberdade se frustram em um presente e horizonte distópicos, marcados pela vigilância e pelo controle, exercidos por Estados e corporações. Trata-se de um tipo de controle difuso, para o qual são utilizados aparelhos presentes em nossas cidades, casas e na palma das mãos. […]”.
Sobre o autor
Helena Martins é professora da Universidade Federal do Ceará (UFC). Doutora em Comunicação Social pela Universidade de Brasília (UnB, 2018), com período sanduíche no Instituto Superior de Economia e Gestão (Iseg) da Universidade de Lisboa, financiado pelo Programa de Doutorado-sanduíche no Exterior (PDSE) da Capes. Possui mestrado em Comunicação pela Universsidade Federal do Ceará (UFC, 2012) e graduação em Comunicação Social – Jornalismo (2009) pela mesma universidade. É integrante do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social. Foi titular do Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH) na primeira gestão do órgão (2014-2016). Entre 2012 e 2018, trabalhou como jornalista da Empresa Brasil de Comunicação, tendo atuado como editora do Repórter Brasil e repórter da Agência Brasil.

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