Quebrar o silêncio é primeira arma contra o bullying

“Eu tirei a maior nota da classe e alguns alunos se revoltaram com isso. Foi então que eles resolveram jogar sopa em mim. Eu senti um desprezo enorme por eles e muita vergonha”. O relato é de Jonathas Leme,19, estudante da Escola Estadual Professor Adelino José da Silva D’ Azevedo, situada na zona leste de São Paulo. Na época em que o fato aconteceu, Jhonatas tinha apenas 11 anos.

Esse caso é um exemplo de um dos problemas enfrentados por instituições de ensino do mundo inteiro: o bullying entre os alunos. Segundo o portal Observatório da Infância, o bullying se caracteriza pelo uso do poder ou da força para intimidar ou perseguir os colegas na escola (school place bullying) ou no trabalho (work place bullying). No Brasil, também é conhecido como assédio moral.

O bullying não é simplesmente brincadeira ou “zoação” entre os alunos. É uma forma de violência que se caracteriza pela persistência das ocorrências, pela falta de motivo para a agressão e pela disputa pelo poder.

De acordo com a psicóloga Marília Graf, a maior incidência desse tipo de violência se dá entre os 8 e 14 anos por ser uma fase de autoafirmação para meninos e meninas. A psicóloga lembra também que o silêncio por parte dos agredidos contribui ainda mais para a manutenção do bullying.

Embora o termo seja usado há poucos anos, o bullying não é um fenômeno recente. Sempre ocorreu no ambiente escolar. “Atualmente a sociedade tende a categorizar os fenômenos das escolas. Assim, os especialistas olham para os fenômenos como especialidades e com isso é mais fácil se aprofundar na questão”, analisa o diretor do Ensino Fundamental II do Colégio Santa Cruz, Ricardo Mesquita.

Mesquita descreve o agressor como uma pessoa insegura e com desejo de poder. Segundo o diretor, a prática é uma forma que o agressor encontra para tirar o foco dele, chamando atenção para o outro.

O bullying já foi retratado inclusive no jogo Bully da produtora e distribuidora Take-Two Interactive Software, Inc. O jogo está causando polêmica entre estudiosos de diversos países. Os especialistas afirmam que o jogo é um incentivo às práticas violentas. No Brasil, a justiça proibiu a venda. Quem for flagrado vendendo cópias do game terá de pagar uma multa de R$1 mil.

Além dos portões dos colégios
Além da agressão no ambiente escolar, outra prática comum é o cyberbullying. Com a Internet, os alunos utilizam da liberdade proporcionada pela ferramenta para agredir colegas, muitas vezes de forma anônima.

Para o diretor do Colégio Santa Cruz ainda é uma dificuldade muito grande lidar com esse tipo de agressão, realizada, principalmente, via redes socais como Orkut, Facebook e Twitter. “A escola tem que fazer com que os alunos levem a ética que ensinamos aqui para o ambiente virtual, o que é muito complicado. Nós não tínhamos esse contexto anteriormente”, ressalta Ricardo Mesquita.

O Colégio Santa Cruz teve recentemente um caso de cyberbullying. Uma aluna, moderadora de uma comunidade do Orkut, agredia uma colega de classe. Muitos aderiram à comunidade colocando suas opiniões de forma anônima. A escola conseguiu solucionar o problema, mas a aluna alvo das ofensas resolveu mudar de escola. “Isso deixa uma sensação de fracasso muito grande”, lembra o diretor.

Os especialistas recomendam que a vítima de cyberbullying recolha as evidências da agressão, imprimindo as telas em que aparecem as ofensas. Com esse material em mãos, a vítima e os pais devem procurar uma delegacia para registrar um boletim de ocorrência. A polícia encaminha esse documento para uma delegacia de crimes virtuais responsável por rastrear o IP (Internet Protocol) para chegar ao agressor.

Fonte: Portal Aprendiz/ Texto: Mariana Almeida e Rafael Carneiro da Cunha

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