O Esplendor do Caos 2

“(…) temos o sentimento de vivermos num mundo, não com um défice, uma carência de informação, mas saturado de informação e incapaz de gerir ou de integrar de modo construtivo a massa colossal de dados de informação que já circula nas já famosas auto-estradas da comunicação” (p. 31)

“Simbolicamente, em matéria de informação, vivemos sob o regime de absoluto bombardeamento informativo, numa espécie de vigília contínua, sem termos a possibilidade, por assim dizer, de fecharmos os olhos. Assim o que parece urgente é escapar a esse fluxo, descobrir um refúgio, em suma, defender «o direito a não ser informado». Ou, com maior dose de provocação, o direito ao silêncio.
Dir-se-á que é um «desiderato» fácil de atingir. Basta calar a rádio ou apagar o televisor. Possível como gesto individual ou utopia às avessas, esse cenário tem menor verosimilhança que o de imaginar deter as cataratas do Niagara ou de Iguassu” (p. 32)

“(…) caudal de mensagens que, independentemente do seu conteúdo – como profetizou MacLuhan – se tornaram uma noosfera, ou antes uma imagosfera”. (p. 33)

in Eduardo Lourenço, 1998
O Esplendor do Caos. Gradiva: Lisboa

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