Coletivos juvenis produzem programas para TV pública de MG

Para que jovens - entre 16 e 24 anos de idade - realizem suas produções, além de disponibilizar equipamentos, a AIC promove oficinas e cursos sobre técnicas e linguagem audiovisual. O processo formativo é ancorado na prática e na análise crítica da mídia.
“Ao mesmo tempo em que oferecemos acesso ao mundo do fazer, também estimulamos discussões sobre cidadania e reflexões políticas sobre os meios de comunicação”, explica a sócia fundadora da AIC, Ana Tereza Melo Brandão.
Outra preocupação do projeto Rede Jovem Cidadania é buscar ocupar espaços públicos midiáticos. “Queremos dar visibilidade às ideias dos jovens”, afirma o propositor de audiovisual da AIC e integrante do Coletivo Dinamite, Clebin Quirino dos Santos, 27 anos. Dessa maneira, a ONG procura também lutar pela democratização do acesso aos meios de comunicação.
Quando a AIC recebe os jovens interessados no universo audiovisual, dá assessoria técnica e, principalmente, questiona suas propostas de produções. Na Rede, os jovens são convidados a pensar novas formas de abordar os problemas relacionados à juventude e à comunidade.
“Incentivamos os jovens a se apropriarem de forma direta do material de produção. Não há um adulto que vai organizar e formatar as falas deles. O programa de TV traz o olhar da juventude organizada”, conta Santos.
Giovânia Monique, 22 anos, é uma das jovens que já produziu para Rede Jovem. No dia 28 de novembro, a Rede Minas exibiu seu documentário sobre a cultura do congado na cidade de Luz (MG). “Minha família veio dessa cidade. Durante a minha infância, sempre acompanhava a festa.
Foi legal colocar essa tradição na mídia”, fala de sua inspiração.
A jovem começou a integrar a Rede Jovem em 2004, após participar de uma formação promovida pela AIC dentro da sua escola. Hoje, além de produzir documentário, também atua como educadora na instituição. “Comecei a trabalhar nesta área. Nunca imaginei isso. Pensava em fazer matemática”.
Giovânia lembra ainda que todo esse processo participativo e coletivo se reflete nas produções. “Os programas transmitidos pela Rede Minas trazem questões do cotidiano dos jovens por meio de uma linguagem gostosa. Você acaba se identificando com o programa, independente do tema da semana”.
Para Santos, ao levantar as discussões da juventude, o programa instiga as pessoas a repensarem o papel dos jovens. Já os jovens passam a se enxergar como protagonistas.
Trajetória
O projeto Rede Jovem pela Cidadania surgiu em 2002. Além da produção audiovisual, incentiva os jovens se apropriarem de outras mídias comunitárias, como jornal-mural, webzine e rádio. Durante esse período, cerca de 400 coletivos participaram de 500 produções.
A iniciativa já teve programas de rádio veiculados nas emissoras Favela FM e UFMG Educativa. Foi em 2004 que conquistou espaço na Rede Minas. As produções também ganham visibilidade em circuitos alternativos, como exibições de rua, rádios em escolas e mostras.
Fonte: Portal Aprendiz/ Texto: Talita Mochiute
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