O olhar da criança na produção de conteúdos


“A infância precisa ter voz. As crianças precisam assistir a TV feita por elas e para elas”. Foi com essa frase que Leon Willems, diretor da Free Press Unlimited, abriu o debate no GT 06, com tema Mídia de qualidade e participação de crianças e adolescentes. Na mesa, além de Willems, estavam presentes Rebeca Cueva, diretora da ACNNA; William Bird, diretor do Media Monitoring Project; Adelaida Trujillo, diretora da Citurna Producciones e da CILA; Alex Pamplona, da RENAJOC (Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Comunicadores); e Angélica Moura Goulart, Secretária Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República como mediadora.
O encontro reuniu especialistas da Holanda, do Equador, da África do Sul, da Colômbia e do Brasil para compartilharem experiências e desafios da participação de meninos e meninas na produção de conteúdos midiáticos ou informativos. Os pontos mais abordados nas discussões foram sobre os espaços de direitos que as crianças precisam ter; o processo de produção do qual elas devem participar e a sua representação nos meios de comunicação.
Leon Willems, da Holanda, e Rebeca Cueva, do Equador, trouxeram exemplos de matérias e notícias feitas por crianças. “As crianças são criativas e tem soluções para os seus problemas. Nós temos que ouvi-las”, afirmou Willems, que exibiu um vídeo. Rebeca disse que a criança e o adolescente são sujeitos excluídos social e culturalmente, com espaços limitados de organização onde não existem as possibilidades de pensar, e serem escutados.
Os dados de Rebeca revelaram análises de mídias do Equador que pouco se referem à infância e adolescência. O tema ocupa espaços de cinco linhas a dois parágrafos nos impressos, ou cinco minutos nas TVs. Neste contexto, as crianças aparecem como vítimas, e as fontes do noticiário são muitas vezes recorrentes, e outras, nem são citadas.
Já William Bird, da África do Sul, alertou para a necessidade de capacitar os jornalistas para qualificar a mídia. Ele ressaltou que, ao entrevistar crianças, ou relatar suas histórias, os repórteres devem fazê-lo com alto grau de padrões éticos. “Se você está na mídia, você tem o dever fundamental de envolver a infância e seus direitos. Se você não o faz, seu trabalho está perdido”, declarou.
O brasileiro Alex Pamplona apresentou a revista Viração como um espaço de participação dos adolescentes que, segundo afirmou, transformou-se em um instrumento político pedagógico de informação. Na sua opinião, a comunicação construída pelos jovens deve ser incentivada e permanente na sociedade. Rebeca Cueva, por sua vez, disse ser preciso perguntar para as crianças o que elas querem falar, como elas querem fazer e oferecer-lhes os equipamentos necessários para que a produção ocorra. "O que você quer? Como você quer? Aqui está, pode usar...".
A secretária Angélica Goulart comentou a diferença entre protagonismo infantil e adolescente, e o trabalho artístico de crianças. Ela alertou que este é um trabalho excepcional, no qual é preciso uma autorização judicial, onde há um monitoramento da jornada e das condições de trabalho. “As crianças que desempenham trabalho artístico devem, também, ter acompanhamento médico, psicológico e escolar”, acrescentou.
Fonte: Blog da ANDI (http://blog.andi.org.br/o-olhar-da-crianca-na-producao-de-conteudos) 08/03/2013

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