Cinema nas escolas: biografias da comunidade
Três semanas para produzir, filmar e editar uma cinebiografia. Mas antes, era preciso entender o que é um documentário e os conceitos básicos da linguagem audiovisual. Desde o fim do ano passado, cerca de 80 estudantes de quatro escolas públicas participaram das oficinas do projeto "Pequenos Biógrafos, Grandes Biografias", que resultaram nos seis curtas-metragens da série "Retratos", sobre moradores das comunidades próximas às instituições de ensino. Em fase de edição, os vídeos serão exibidos em agosto, em mostra na Universidade de Fortaleza (Unifor).
O projeto é realizado pelo Instituto de Referência da Imagem e do Som (Iris), em parceria com a Secretaria de Cultura do Estado/FEC e Pró-Reitora de Extensão da Unifor. As oficinas envolveram um total de 80 alunos de várias idades.
"É importante que se entenda que este não é um curso técnico, é uma experiência de introdução de práticas audiovisuais. Para introduzir o audiovisual nas rotinas escolares como forma de criar ambientes criativos", aponta a coordenadora geral do projeto, Bete Jaguaribe, que é também professora do curso de Audiovisual e Novas Mídias da Unifor.
A escolha das biografias como foco dentro da produção audiovisual, detalha, foi a maneira encontrada para instigar a reflexão dos jovens sobre suas comunidades e a realidade que os cerca. "Eles definem o que querem debater, o que vão transformar em história. A partir do personagem, começam a desenvolver oficina de roteiro, de câmera. São experiências que acontecem dentro de escolas", destaca.
Quarta instituição a participar das oficinas, a Escola Dom Almeida Lustosa encerrou o ciclo do projeto gravando a cinebiografia sobre a jovem Lorayna Targino, na semana passada. Entre os feitos da velocista, estão medalhas de prata e ouro no Grande Prêmio Sul-Americano Juvenil de Atletismo 2010, participando ainda em 2011 da etapa Sul-Americana e do Mundial.
"Foi incrível trabalhar com alunos que nunca tinham mexido com uma câmera de vídeo ou, no máximo, haviam filmado com o celular. Eles tiveram uma evolução que pouca gente teria neste curto tempo", testemunha a monitora Dayse Barreto, recém-formada no curso de Audiovisual e Novas Mídias da Unifor, sobre o rendimento obtido pelos estudantes que participaram da iniciativa.
Experiência
Dayse orientou a produção do documentário sobre Lorayna desde o início, com oficina sobre os princípios básicos do audiovisual, pré-produção, gravações das cenas, encerradas no último sábado, dia 21, e acompanha a edição. "São apenas 12 encontros. Seis de teoria e pré-produção, três de gravações e três de finalização. É incrível como eles se envolveram com a proposta e conseguiram realizar o trabalho", diz.
O diretor do filme, David Faustino, tem apenas 14 anos. Envolvido com a música e com o teatro desde cedo, ele diz que trabalhar com o audiovisual foi uma experiência relativamente fácil. Dirigir um grupo, conta, é algo que já perdeu o medo de fazer. "Foi a primeira vez que trabalhei com audiovisual. Está sendo bem puxado, mas é gratificante ver que o pessoal está interessado", diz. E completa: "Não pretendo trabalhar com isso. Mas é mais uma experiência para minha vida. O dom da gente é como uma caixinha que vai expandindo, vai se desenvolvendo, até que começa a abranger todas essas áreas".
Mostra
O próximo passo do projeto é a apresentação das produções. Uma mostra deve ser organizada em agosto no curso de Audiovisual da Unifor. Bete Jaguaribe destaca a importância da parceria com a Pró-Reitoria de Extensão da Universidade, que permite a aproximação entre as comunidades e a academia, tanto pela atuação de alunos e ex-alunos nas oficinas, como, em sentido inverso, na realização da mostras.
Os estudantes/autores dos vídeos devem participar da mostra compartilhando as experiências. "A ideia é, a partir desse projeto, estreitar esse diálogo da academia com as experiências sociais que trabalham o audiovisual", reforça Bete.
Fonte: Jornal Diário do Nordeste (CE) 26/07/2012
Muito legal o projeto!
ResponderExcluirQueria ver os filmes produzidos.