Comparativo de Mídias em Sala de Aula
Utilizando jornais, revistas, noticiários de rádio e televisão, podcasts e páginas da web para gerar criticidade e argumentação entre os alunos
João Luís de Almeida Machado
Temos hoje a possibilidade de acesso a notícias a partir de diferentes mídias. Lemos nos jornais, em revistas, na internet ou ainda podemos ver na televisão, em vídeos postados no YouTube, em podcasts também na web ou em rádios (ao vivo e em gravações que ficam armazenadas nos sites e portais das próprias emissoras).
Todo este acesso, rápido e eficiente, de qualidade variável de acordo com a mídia e o canal de comunicação, mais ou menos atraente aos nossos sentidos se temos maior ou menor empatia com os apresentadores (sejam eles os autores da notícia escrita, os apresentadores de telejornais, os responsáveis pela veiculação na web, os narradores das rádios...) é hoje realidade constituída e ao alcance de todos.
Em todos eles, com o surgimento da televisão, criaram-se canais de compartilhamento, discussão, troca e constante interação. Se nos jornais e revistas impressos isso não é possível de imediato, ainda assim há a disponibilização de sites, redes sociais, e-mails, fóruns e outros canais de comunicação on-line a nos permitir este intercâmbio e participação.
A televisão e o rádio a todo o momento, durante a apresentação de seus programas, gravados ou ao vivo, apregoam igualmente esta interatividade divulgando seus canais de contato via web.
Com tantos recursos à mão, abrem-se possibilidades para aulas de grande interesse relacionadas ao comparativo destas diferentes mídias. Levar os alunos ao exame da mesma notícia a partir destas diferentes fontes para permitir que eles desenvolvam a criticidade necessária para entender, se posicionar, argumentar e participar do mundo em que estão inseridos.
Mais importante ainda, dando a eles a condição de compreender as diferenças entre as mídias e, também, dentro de cada modelo específico, ser capaz de compreender as diferentes linhas editoriais.
Neste sentido algumas práticas podem ser recomendadas no trabalho em sala de aula, a saber:
- Selecione uma temática em destaque na mídia mundial de acordo com o foco de seu trabalho em aula. A crise econômica mundial que provoca desemprego e recessão em países como a Grécia, Espanha, Itália e que ameaça outras nações é um bom exemplo.
- Destaque um acontecimento específico, como os dados publicados sobre o desemprego na Espanha ou na Grécia.
- Busque esta notícia em 2 jornais impressos, pelo menos uma revista semanal de informação, 2 ou 3 sites especializados em economia, gravações em podcast com depoimentos de especialistas para rádios e sites, notícias veiculadas pelas emissoras de TV sobre o assunto e que estejam disponíveis on-line em vídeos.
- Apresente aos alunos a questão a partir destas diferentes mídias.
- É recomendável que se divida a turma com a qual se irá desenvolver este trabalho em pequenos grupos e que a cada conjunto de alunos que se formar seja direcionado o exame do conteúdo de uma destas fontes.
- Os alunos irão ler, ouvir ou assistir estas mídias e com base no que tiveram de informação devem organizar resenhas explicativas.
- O processo de trabalho da informação passa pela leitura, anotação, compreensão geral, consenso quanto a como podem colocar no papel, organização das resenhas e posterior apresentação do produto final para o restante dos alunos.
- Pode ser feito um trabalho no qual os grupos apresentem a notícia como foi percebida e no qual se abram espaços para que os demais grupos questionem, incluam informações, debatam o que foi trazido à luz do que conseguiram com outras fontes e façam anotações acerca dos temas para agregar dados ao estudo em desenvolvimento.
- Alternativa viável e igualmente interessante é aquela na qual as diferentes fontes/mídias ficam disponíveis e os alunos vão tendo contado com cada uma delas dentro do conjunto de aulas destinado ao desenvolvimento do projeto. Com isso eles podem agregar o máximo de informações sobre o assunto ao mesmo tempo em que, em seus grupos, percebem as diferenças entre as mídias quanto à linguagem, linha editorial, foco, conteúdos apresentados, ideologia, formato, eficácia...
- Nos dois formatos de trabalho, ao final, os grupos de alunos precisam apresentar suas conclusões quanto ao tema trabalhado nas diferentes mídias e, também, sua compreensão das diferenças, semelhanças, vantagens e desvantagens percebidas em plataformas ou bases informacionais tão diversas.
- Além disso, é possível ainda realizar comparações envolvendo mídias semelhantes, como por exemplo, trabalhar com revistas de informação semanais e verificar como abordam tal temática, o que é mais relevante no conteúdo de cada uma delas acerca do assunto tratado. Isso pode acontecer em relação a programas jornalísticos da televisão ou do rádio, jornais impressos, sites especializados...
Ao longo de todo o processo o professor precisa orientar, acompanhar, monitorar, tirar dúvidas, incentivar os grupos e cobrar produções. Tendo em mãos o que foi realizado pelos alunos, compete a ele o exame minucioso do que foi produzido para comentar, questionar, corrigir e inserir ideias no contexto específico e geral do debate.
O ensejo à participação dos alunos é a chave para o sucesso de iniciativas desta natureza e, por exemplo, até mesmo a criticidade quanto a imagens utilizadas nos textos, legendas e narrativas acompanhando imagens em matérias televisivas ou músicas e efeitos sonoros incidentais em podcasts e programas de rádio devem ser destacadas, discutidas e trabalhadas. Ampliar o olhar dos alunos é o objetivo e, neste sentido, cabe ao professor desde o primeiro momento ter bem claro em seu planejamento o que fazer, por onde ir, como trabalhar, qual o foco...
Fonte: TV Cultura/ João Luís de Almeida Machado / CMais/ 27/06/2012
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