Simpósio internacional discute inovações e tentativas no jornalismo online

Mais de 200 jornalistas, executivos de mídia e acadêmicos de vários países participaram do 12º Simpósio Internacional de Jornalismo Online (ISOJ), entre 1 e 2 de abril, na Universidade do Texas, em Austin.

As apresentações discutiram os avanços e os desafios do jornalismo online, tanto da perspectiva da indústria, como da de pesquisadores das Américas, da Ásia, da África e da Europa.

O ISOJ é organizado desde 1999 pelo professor Rosental C. Alves, Catedrático Knight de Jornalismo Internacional, Catedrático UNESCO de Comunicação e diretor do Centro Knight para o Jornalismo nas Américas, na Universidade do Texas em Austin. O simpósio conta com o generoso apoio da John S. and James L. Knight Foundation, do jornal Dallas Morning News e da Faculdade de Comunicação da Universidade do Texas.

O simpósio foi iniciado na sexta-feira 1 de abril com o anúncio, por Alves e a professora Amy Schmitz Weiss, a responsável pelas pesquisas do evento, do lançamento de um periódico do ISOJ, o #ISOJ, publicado como um e-book em vários formatos.

“O ISOJ tem evoluído ao longo dos anos. Primeiro, se tornou internacional. Então, acrescentamos a perspectiva acadêmica. O lançamento do #ISOJ é, por isso, uma continuação natural dessa evolução”, disse Alves.

“A pesquisa apresentada em 2011 foi de muito alto nível e refletiu perspectivas globais do jornalismo online”, afirmou Schmitz Weiss, “Os 20 trabalhos apresentados foram selecionados entre 50, um recorde para o ISOJ.”

Razões para Comemorar: Uma visão otimista da situação do Jornalismo Digital
Numa das principais palestras do dia, a executiva de mídia Vivian Schiller, ex-presidente da NPR, a rede pública de rádio dos Estados Unidos, fez previsões positivas para o jornalismo digital. Ela deu sete razões para seu otimismo, incluindo novas experiências em notícias locais e avanços no uso do Twitter para a captação de notícias e a interação com o público.

Sistemas de cobrança por conteúdo online e Dispositivos Móveis
No painel “Paywalls: Cobrando pelo conteúdo. Funciona?", executivos de mídias discutiram benefícios e desafios dos chamados "paywalls" num cenário em que os leitores estão acostumados a acessar as notícias na internet gratuitamente - e poucos dias depois de o New York Times iniciar a cobrança pelo acesso ao site do jornal.

No painel “Criando para o iPad e outros dispositivos móveis”, representantes de empresas de notícias discutiram como os veículos podem definir sua aparência, conteúdo e modelo de negócio para poder trabalhar com as mais recentes plataformas digitais. Paul Brannan, editor de novas plataformas da BBC, disse que os meios devem funcionar como “máquinas de notícias dinâmicas”, que “tiram proveito de um dispositivo que está sempre ligado e é sempre personalizado". Seu exemplo favorito é a Zite, revista personalizada para o iPad.

Filipe Fortes, da Treesaver, deu uma palestra sobre o valor do componente visual, que deve ser atraente. Já John Kilpatrick, diretor criativo do jornal exclusivo para iPad The Daily, discutiu a importância da criação de conteúdo específico para uma “interface dinâmica” que combina os benefícios do impresso e dos meios eletrônicos com a atração visual e as possibilidades de uma tela sensível ao toque.

Além das notícias quentes
Em outra das palestras principais, Meredith Artley, vice-presidente e editora da CNN.com, descreveu os planos da empresa para aumentar a interação com os usuários. Ela disse que a organização está fortalecendo sua função principal, ou seja, a produção de conteúdo, mas também expandindo para novas áreas, incluindo projetos como o CNN Freedom Project, cujo objetivo é erradicar as atuais formas de escravidão.

Entre as estratégias da CNN, estão testes de novas formas de engajamento do público no processo de captação das notícias, incluindo o projeto Open Story, ligado ao já popular iReport, que amplia o papel dos jornalistas cidadãos na produção das reportagens. Artley disse que a CNN logo permitirá que os usuários façam comentários em vídeo sobre o conteúdo do CNN.com

Pesquisas em Inovação e o Twitter
O primeiro dia do evento foi encerrado com dois painéis acadêmicos. Num deles, foram apresentados trabalhos sobre inovações e, no outro, sobre a relação entre o Twitter e o jornalismo

O Centro Knight fez versões Storify das mensagens postadas no Twitter no primeiro dia do ISOJ. Veja aqui.

Jornalismo Online Sem Fins Lucrativos: O modelo é sustentável?
No sábado 2 de abril, fundadores de organizações de mídia sem fins lucrativos ilustraram três diferentes maneiras de oferecer notícias não disponibilizadas pelas organizações de mídia tradicionais e três diferentes abordagens para o financiamentos das operações. Entre elas, a The Bay Citizen, da região de São Francisco, nos Estados Unidos, e a IDL-Reporteros, do Peru.

Pesquisa: Além da Rotina das Notícias, Além do Consumo das Notícias
No primeiro painel acadêmico do dia, foram apresentados cinco trabalhos sobre a produção e o consumo das notícias.

Criando uma Plataforma para Notícias e Informações Locais
Na principal palestra do segundo dia do evento, Warren Webster, CEO da organização de jornalismo hiperlocal Patch Media, disse que o objetivo de seu site é ser a principal plataforma de notícias locais, da mesma forma como o Facebook se tornou a principal plataforma de interação social. Para “resolver o problema local”, a empresa cria espécies de editorias em comunidades pequenas (atualmente, são 800 cidades). Em cada lugar, um editor organiza a cobertura, contratando repórteres freelance e disponibilizando recursos digitais em comércios, escolas e parques.

Engajando as Comunidades
Uma década depois de os blogs e os fóruns permitirem que os leitores interajam com os sites de notícias, editores participantes desse painel enfatizaram o uso das mídias sociais para atrair e manter a audiência.

Entre as experiências apresentadas, Egil Hansen, editor-chefe da VG Multimedia Norway, disse que costumava receber até 10 e-mails por dia de leitores reclamando de erros de digitação e de linguagem. A empresa, então, convidou os leitores a revisar o conteúdo e selecionou 400 voluntários (entre 5 mil interessados) para corrigir esses erros. Já foram corrigidos 17 mil erros desde o início do programa, há um ano.

Além da Conversa, Além do Engajamento
No último painel acadêmico, foram apresentado quatro trabalhos sobre a relação dos leitores com as notícias.

Mesmo após o encerramento do segundo dia do ISOJ, as discussões continuaram no Twitter, pelo ISOJ Twitter feed.

“Embora o ISOJ tenha acabado, ainda está acessível", disse Alves. "Foram mais de 5 mil tweets. E centenas de pessoas acessaram a transmissão ao vivo. Em breve, os vídeos estarão arquivados (aqui)", acrescentou Alves. “Então, estamos muitos felizes de ter praticado durante o evento o tipo de engajamento sobre o qual estávamos discutindo”, finalizou.

Fonte: Centro Knight de Jornalismo nas Américas

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