(Resenha) Milton Santos – Uma biografia para a nova geração


Por Cristiane Parente 

   “O mundo é formado não apenas pelo que já existe, mas pelo que pode efetivamente existir”        (Milton Santos)

É com essa frase que o escritor e professor Fabiano Ormaneze abre a biografia de Milton Santos, “Milton” (também com edição em braile), especialmente escrita para o público jovem conhecer a história desse geógrafo e pensador brasileiro que encantou o mundo. A obra faz parte da coleção Black Power, da editora Mostarda, que apresenta biografias de personalidades negras inspiradoras para as novas gerações.

No livro é possível não apenas conhecer um pouco da história do geógrafo mas, a partir do texto fluido e leve de Ormaneze e das ilustrações, viajar pelas paisagens por onde passou o protagonista dessa biografia ao longo de sua vida, em suas constantes mudanças de endereço na Bahia até viajar para fora do Brasil.

Da janela do ainda menino Milton, com vista para a Chapada Diamantina, às janelas da adolescência e juventude que davam para plantações de cacau e o oceano Atlântico, vamos nos aprofundando nos bastidores da formação desse grande pensador brasileiro, que foi alfabetizado pelos pais e ainda na infância teve aulas de francês e outras disciplinas com professores particulares.

A bolha em que vivia Santos se rompe quando aos 10 anos é matriculado em um colégio interno e passa a perceber as desigualdades e o racismo, por ser uma das únicas crianças negras daquele lugar. Mas a diferença dele para os outros alunos não se dava apenas pela cor da pele, mas por sua notável inteligência, que o levou a ser professor com apenas 13 anos.

Milton Santos passa pela Faculdade de Direito da UFBA em um período (Estado Novo) marcado por conflitos políticos, dos quais não se exime de discutir e se manifestar e, com suas leituras, formação e observação crítica da realidade passa a trabalhar como jornalista, professor, escritor e dedicar-se ainda mais à geografia, por meio da qual pretendia chamar atenção para as desigualdades do Brasil.

Ele viaja pelo mundo, faz doutorado na França, monta um Laboratório de Pesquisas Geográficas na Universidade Católica de Salvador – de onde fora demitido na ditadura – ocupa cargos políticos, é preso e, por causa do período ditatorial sai do Brasil, permanecendo no exterior por 21 anos, tornando suas ideias conhecidas pelo mundo inteiro e publicando sua obra mais importante: “O espaço dividido”, que o tornou ainda mais proeminente.

Santos recebeu 19 títulos de Doutor Honoris Causa em várias universidades do mundo e, em alguma delas, foi o primeiro negro a conseguir tal feito. Foi ainda professora da USP e ganhou o que é considerado o Nobel da Geografia, como melhor geógrafo do mundo, o Prêmio Vautrin Lud, mostrando as desigualdades do país e passando por temas como hip hop, tecnologia e globalização, assunto do seu livro “Por uma outra Globalização”.

O geógrafo e pensador brasileiro, reconhecido internacionalmente, morre aos 75 anos no dia de São João, em 2001, vítima de câncer, deixando uma obra fundamental não apenas sobre o processo da globalização, mas desigualdades, estruturas econômicas e sociais e relações étnico-raciais no Brasil.

Milton é, sem dúvida, uma obra a ser lida pela nova geração! 

Para adquirir o livro e conhecer os outros títulos da coleção, acesse o link: https://www.editoramostarda.com.br/produto/milton-santos/

 

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