Coletivo de mães questiona publicidade infantil
Um grupo de mães se organizou para formar, em março, o coletivo Infância Livre de Consumismo – ILC, que pretende debater e estimular a reflexão sobre os limites do discurso publicitário dirigido ao público infantil. As crianças, por estarem em fase de desenvolvimento de suas percepções de mundo, são especialmente vulneráveis à publicidade e ao discurso do consumo.
O grupo já reúne mais de 4 mil participantes e conta com o apoio de entidades como o Instituto Alana, oInstituto Brasileiro de Defesa do Consumidor – Idece a Aliança pela Infância, além de pesquisadores como Telma Vinha, Edgard Rebouças, Venício Lima e Lalo Leal. Por meio das redes sociais, o movimento dissemina informações e promove discussões sobre o tema, no momento em que um dos substitutivos da proposta original de regulamentação da publicidade voltada para o público infantil pode voltar à pauta.
Como, atualmente, a publicidade infantil é submetida apenas ao Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária – CONAR, o ILC defende uma regulamentação mais clara e que imponha limites à propaganda dirigida às crianças.
Formação para a sustentabilidade e não para o consumismo
De acordo com o ILC, as crianças, ainda em fase de formação, não têm condições de lidar de forma autônoma e racional com o conteúdo publicitário e, por isso, a publicidade infantil é inadequada para elas. “Devido às características de desenvolvimento, as crianças não são capazes de compreender a complexidade envolvida nas decisões de consumo”, explica Telma Pileggi Vinha, professora da Unicamp, doutora na área de psicologia, desenvolvimento e educação e apoiadora do ILC.
Além disso, o coletivo também argumenta que a publicidade infantil não promove o consumo consciente, comportamento esperado para um momento em que é preciso questionar a maneira como o ser humano produz e consome. O ideal, de acordo com o ILC, seria, portanto, formar cidadãos com hábitos sustentáveis e não pequenos consumistas.
Segundo o ILC, a Associação Brasileira de Agências de Publicidade – Abap vem reagindo às investidas da sociedade civil por uma legislação mais severa e restritiva à publicidade infantil. A entidade se posiciona como contrária à regulamentação e favorável à autorregulamentação, já em vigor, desde a proposta do primeiro projeto de lei para a regulamentação, em 2001.
A Abap lançou, este ano, a campanha Somos Todos Responsáveis, sugerindo que os principais responsáveis pelo consumismo infantil são os pais, que não limitam a exposição dos filhos à mídia ou que cedem a seus pedidos. “Por mais informadas e conscientes que sejam as famílias, os pais não têm como combater um discurso mágico e atraente feito por adultos pertencentes a grandes e poderosos conglomerados empresariais, com alto poder econômico, que detêm pesquisas psicossociais de mercado e até mesmo neurológicas. Nesta relação, fica patente a vulnerabilidade das famílias, da comunidade e da própria criança diante do discurso mercadológico”, avalia Mariana Machado de Sá, publicitária e mestre em Políticas Públicas, uma das fundadoras do ILC.
Fonte: http://www.viablog.org.br/coletivo-de-maes-questiona-publicidade-infantil/ Com informações da Infância Livre de Consumismo
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