The State of the News Media 2012

O Projeto pela Excelência no Jornalismo, do Centro de Pesquisas Pew, nos EUA, divulgou na segunda-feira (19/3) a edição de 2012 de seu relatório anual “The State of the News Media”, sobre o estado do jornalismo americano. Compartilhamos abaixo três matérias (Nós da Comunicação, Folha de São Paulo e Observatório da Imprensa) que foram publicadas no Brasil sobre o relatório. Três versões ou visões da pesquisa para que você avalie. Depois, vale a pena ler pelo menos parte do relatório, que é bem completo, para tirar suas próprias conclusões.



The State of the News Media 2012: A indústria da notícia vem perdendo terreno para a de tecnologia 
Priscila Duarte - Nós da Comunicação
Embora o crescimento na utilização de dispositivos e de novas plataformas venha estimulando o consumo de notícias devido à facilidade de acesso, a indústria da tecnologia é que vem ganhando terreno, sendo agora considerada a controladora do futuro das notícias. Essa á uma das conclusões da 9ª edição da pesquisa anual 'The State of the News Media 2012', realizada pelo Pew Research Center's Project for Excellence in Journalism (PEJ), que tem como proposta analisar o estado do jornalismo norte-americano.
 
O estudo desse ano contém pesquisas em que foram examinados como os consumidores de notícias utilizam as mídias sociais, e como os dispositivos móveis podem mudar o 'negócio da notícia', além de uma atualização sobre as rápidas mudanças sofridas no campo do jornalismo comunitário.

Mais de um quarto dos americanos (27%) recebem notícias em dispositivos móveis e, para a grande maioria, isso se reflete em um aumento no consumo de material jornalístico. Segundo o relatório, embora a tecnologia venha a se somar ao apelo das notícias tradicionais, são os intermediários da indústria tecnológica que vêm ganhando espaço. 

Em 2011, cinco gigantes da tecnologia geraram 68% de toda a receita publicitária digital, de acordo com a empresa de pesquisa de mercado eMarketer - que não inclui na estatística os números da Amazon e da Apple, pois seus lucros têm origem a partir de dispositivos e downloads. De acordo com a mesma fonte, em 2015, aproximadamente 1 em cada 5 dólares de anúncios de exibição (display ads) está previsto para ser investido no Facebook.

Para Tom Rosenstiel, diretor da PEJ, a análise do relatório sugere que a notícia está se tornando uma parte mais importante e penetrante da vida das pessoas. "Mas ainda não está claro quem irá se beneficiar economicamente desse crescente apetite por novidades", questiona. 

As plataformas de mídias sociais, entretanto, cresceram substancialmente no último ano, mas continuam a desempenhar um papel limitado no consumo diário de notícias. Apenas um terço dos consumidores de notícias leem matérias pelo Facebook; no Twitter, a proporção cai para menos de um sexto.

O relatório, que traz uma análise abrangente das tendências mais importantes no campo da notícia com base no ano de 2011, inclui capítulos detalhados sobre oito grandes áreas de mídia: digital, jornais, notícias a cabo, rede de TV, notícias de televisão local, áudio, revistas e meios de comunicação étnicos. Seguem algumas das conclusões:
- Os norte-americanos são muito mais propensos a acessar notícia digital indo diretamente para o site de uma organização jornalística ou aplicativo do que seguir links de mídias sociais, contabilizando 36% dos entrevistados. Apenas 9% dos adultos americanos dizem seguir as sugestões de notícias do Facebook ou Twitter.  

- Ainda assim, as mídias sociais são consideradas um canal cada vez mais importante para as notícias, de acordo com dados de tráfego. Segundo a análise de dados da Hitwise, 9% do tráfego para sites de notícias agora vêm do Facebook, Twitter e pequenos sites de mídia social. A porcentagem vinda das ferramentas de busca, entretanto, caiu de 23% em 2009 para 21% em 2011.

- Usuários do Facebook (70%) seguem os links de notícias compartilhadas por familiares e amigos, já os do Twitter seguem links de uma variedade de fontes. Apenas 13% dizem que a maioria dos links acessados vêm de empresas de comunicação.
 
No Twitter, no entanto, a mistura é mais uniforme: 36% dizem que a maioria dos links que acessam vem de amigos e familiares, 27% dizem que a maior parte dos links vem de organizações de notícias, e 18% que a maioria dos links de notícias lidos chegam por meio de entidades e instituições. E mais: a maioria das notícias recebidas por essas redes poderia ter sido vista em outro lugar sem essa plataforma.

- Os setores de mídia tiveram um crescimento de sua audiência em 2011, com exceção das publicações impressas. Os sites de notícias registraram o maior aumento de audiência do ano: 17%. Outra área de destaque foi a dos telejornais que, em 2011, apresentaram um aumento no número de telespectadores atribuído aos acontecimentos negativos no exterior. Os jornais impressos, por sua vez, se destacaram por seu declínio contínuo, com uma redução de 5% quando comparado ao ano anterior. As revistas ficaram estáveis.

- Apesar dos ganhos de audiência, apenas as notícias via web e via cabo registraram um crescimento de receita publicitária em 2011. A publicidade on-line teve um crescimento de 23%, já os anúncios de TV a cabo 9%. A maioria dos setores da mídia, no entanto, viu o declínio das receitas de anúncios - as redes de TV caíram 3,7%; publicidade em revista, 5,6%; notícias locais, 6,7%, e os jornais impressos, 7,6%.

- Cerca de 100 jornais são esperados nos próximos meses para se juntar aos 150 periódicos que já migraram para algum tipo de modelo de assinatura digital. Em parte, os jornais estão fazendo este movimento depois de testemunhar o sucesso do 'The New York Times', que agora tem cerca de 390 mil assinantes on-line. O movimento também é impulsionado por quedas drásticas em receita publicitária. A indústria do jornal - circulação e publicidade combinados - encolheu 43% desde 2000. No geral, em 2011, os jornais perderam em receita publicitária cerca de US$ 10 para cada US$ 1 ganho on-line. 

- O emergente panorama de sites de notícias comunitárias está chegando a um novo nível de maturidade e enfrentando novos desafios. NewWest.net e Chicago News Cooperative estão entre os importantes sites de notícias de comunidades que deixaram de ter publicação no papel. O modelo de sucesso, sintetizado pela Texas Tribune e pelo MinnPost, foi diversificar as fontes de financiamento e gastar mais recursos em negócios, não apenas com jornalismo.

- A privacidade é um assunto que está se tornando um problema maior para os consumidores, criando pressões conflitantes sobre as organizações noticiosas. Cerca de dois terços dos usuários de internet se sentem inquietos com a publicidade segmentada e com as ferramentas de busca que rastreiam comportamentos na web. Os consumidores, entretanto, dependem cada vez mais dos serviços prestados pelas empresas que agregam esses dados. As organizações de notícias estão bem no meio disso e, para sobreviver, precisam encontrar maneiras de fazer sua publicidade digital mais eficaz e lucrativa. No entanto, também devem se preocupar em não violar a confiança do público a fim de proteger seus ativos mais fortes: suas marcas.


Pew divulga nona edição do estudo

Tradução e edição: Leticia Nunes - Observatório da Imprensa

O Projeto pela Excelência no Jornalismo, do Centro de Pesquisas Pew, nos EUA, divulgou na segunda-feira (19/3) a edição de 2012 de seu relatório anual “The State of the News Media”, sobre o estado do jornalismo americano. Esta é a nona edição do estudo, bastante voltada para o impacto das novas tecnologias na mídia – as pesquisas apresentadas examinam, entre outros fatores, como os consumidores de notícias usam as mídias sociais e que mudanças os aparelhos móveis podem provocar na indústria jornalística.
O Centro de Pesquisas Pew é um instituto de pesquisa independente e não partidário financiado pelo Pew Charitable Trusts, fundação que recebe doações de indivíduos e organizações públicas e privadas com o objetivo de trazer melhorias à sociedade. O grupo trabalha a partir de três pilares: descobrir soluções para melhorar as políticas públicas; informar o público (aí entra o Centro de Pesquisas); e estimular a participação cívica.
Nova era digital
O estudo deste ano ressalta que, em 2011, a revolução digital entrou em uma nova era. Vivemos a era da mobilidade, em que as pessoas se conectam à internet de qualquer lugar. Segundo o Projeto, hoje, mais de quatro em 10 adultos americanos possuem um smartphone, e um em cinco tem um tablet. Carros já são fabricados com acesso direto à web. O aumento desta mobilidade provoca uma imersão maior na vida social online.
Esta mobilidade também tem um impacto direto em como se consome notícias. Algumas das pesquisas da edição deste ano mostram que os aparelhos móveis não substituem os outros meios, mas somam-se a eles. Oito em cada 10 pessoas que costumam receber notícias por smartphones e tablets continuam a consumir notícias também em computadores convencionais.
Mídia vs. tecnologia
Outro fator apontado pelo estudo já na edição passada e que se intensificou nesta é como os intermediários tecnológicos passaram a ter controle sobre o futuro das notícias. As tendências indicam que a lacuna entre o jornalismo e indústria tecnológica está aumentando. De início, a bem sucedida entrada das novas plataformas móveis na vida das pessoas já significa que as organizações de notícias agora têm que se manter no mesmo ritmo. Os usuários de tablets e smartphones estão fortalecendo sua relação com as organizações de notícias por meio da internet e de aplicativos – 81% dos usuários de aplicativos são consumidores diários.
As gigantes de tecnologia vêm ampliando suas atividades. Google, Amazon e Apple, por exemplo, passaram a atuar nas diferentes partes do processo de comunicação: produzem o hardware, os sistemas operacionais, os browsers de navegação, os serviços de e-mail pelos quais as pessoas se comunicam, as redes sociais onde compartilham suas vidas, e as plataformas onde fazem compras ou jogam. Esta ampliação dos negócios dá a estas empresas um grande trunfo competitivo: elas coletam cada vez mais informações sobre seus consumidores. E é aí que está o desafio para as empresas de mídia: elas têm que começar a descobrir como atuar de maneira bem sucedida neste cenário.
Tendências
Entre as tendências da indústria de mídia encontradas pelo estudo estão:
** A experiência do consumidor com as notícias nos aparelhos móveis parece ser mais profunda do que nos desktops e laptops
Os consumidores de notícias nos aparelhos móveis (27% nos EUA) tendem a buscar informações diretamente nos sites e aplicativos das organizações de notícias, em vez de depender de indicações de agregadores, o que fortalece a relação com as marcas tradicionais.
** As mídias sociais ainda não são forças determinantes na disseminação das notícias
Cerca de 133 milhões de americanos são usuários do Facebook, onde passam em média sete horas por mês – isto representa 14 vezes o tempo gasto normalmente em sites de notícias. O número de usuários do Twitter cresceu 32% no ano passado, chegando a 24 milhões nos EUA. Ainda assim, a noção de que os internautas americanos recebem suas notícias a partir de indicações de amigos nas redes sociais não é verdadeira: pouco menos de 10% dos consumidores de notícias seguem recomendações via Facebook ou Twitter com frequência.
** A audiência televisiva cresceu de maneira inesperada
Nas três principais redes americanas, a audiência dos programas de notícias cresceu 4,5%. Os canais locais também apresentaram aumento de público, principalmente nos períodos da manhã e do fim da noite. A audiência também cresceu nos canais de notícias a cabo, em 1% no total. CNN, que vinha sofrendo com os rivais nos últimos anos, teve o maior aumento: 16% no horário nobre. A Fox News, por outro lado, apresentou queda pelo segundo ano seguido.
** Mais veículos de notícias adotarão assinaturas digitais em 2012, como meio de sobrevivência
Pelo menos mais 100 jornais devem se juntar, nos próximos meses, às 150 publicações que já adotaram algum modelo de acesso pago ao contéudo na internet. Muitos jornais vêm perdendo, há anos, sua receita publicitária, e chegaram a um ponto em que precisam de uma nova fonte para continuar a operar. O New York Times serve como exemplo bem sucedido: seu modelo de assinatura já conta com 390 mil assinantes e teve pouquíssima perda no tráfego online.
** A privacidade se torna uma questão cada vez mais preocupante, e seu impacto na mídia é incerto
Há uma tensão entre os serviços que as empresas de tecnologia prestam e o uso que fazem das informações que armazenam dos clientes. Hoje, os internautas se tornaram mais conscientes do que compartilham em seus perfis digitais – se incomodam mais com publicidade direcionada com base no conteúdo de suas pesquisas e mensagens de e-mail, por exemplo. Por outro lado, eles estão mais dependentes dos serviços eficientes e gratuitos oferecidos por estas empresas. Neste ambiente conflitante, a indústria de notícias deve descobrir como tornar sua publicidade digital mais eficiente e lucrativa, ao mesmo tempo em que respeita a confiança de seu público.
Nos EUA, smartphones e tablets aumentam 'apetite' por notícias 
Nelson de Sá - Articulista da Folha de São Paulo
Estudo levanta que 27% dos americanos já acessam informações por dispositivos móveis
Segundo o relatório 'O Estado da Mídia', empresas de tecnologia detêm 68% da receita publicitária digital

O relatório "O Estado da Mídia Noticiosa" nos EUA, do instituto Pew, destaca que em 2011 a popularização dos dispositivos móveis (smartphones e tablets) ampliou o consumo de notícias. Por outro lado, cresceu a participação das empresas de tecnologia na receita publicitária.

Segundo o estudo divulgado ontem, 27% dos americanos passaram a acessar notícias por dispositivos móveis -sem abandonar os computadores de mesa e outros. Na avaliação do Pew, como o novo acesso em geral vai diretamente aos sites e aplicativos, recorrendo menos a buscas, o movimento ainda "fortalece a ligação com marcas tradicionais de jornalismo".

Mas, em 2011, segundo a empresa de pesquisas eMarketer, destacada no estudo, 68% da receita publicitária digital ficou nas mãos de Microsoft, Google, Facebook, AOL e Yahoo, empresas de tecnologia, não conteúdo.

Para Emily Bell, diretora do centro para jornalismo digital da Universidade Columbia, o estudo evidencia que empresas como Facebook se tornaram "frenemies", amigas/inimigas dos produtores de jornalismo, "enviando tráfego ao mesmo tempo em que comem a publicidade".

Para Tom Rosenstiel, diretor do Projeto para a Excelência em Jornalismo do Pew, que realizou o estudo, "as notícias estão se tornando uma parte mais importante da vida das pessoas, mas não está claro quem se beneficiará desse apetite crescente".

OPORTUNIDADE

O Pew alerta para a necessidade de as empresas tradicionais de mídia aproveitarem, com estratégias de inovação tecnológica e publicitária, a "grande oportunidade" trazida pela "nova era" dos dispositivos móveis.

Mas sublinha que "os intermediários de tecnologia controlam o futuro do jornalismo" e pergunta se a tendência recente de entrarem também na produção de conteúdo não levará à aquisição de marcas tradicionais de mídia. Menciona as parcerias entre YouTube (Google) e agência Reuters e entre Facebook e "Washington Post", além da compra do site Huffington Post pela AOL.

O relatório alerta, em especial, para o risco embutido no "declínio dos jornais", que concentram hoje a cobertura de questões públicas e de governo nos EUA, com a função de "cães de guarda". Afirma que, "se suas operações continuarem a se contrair ou a desaparecer, não está claro onde -e se- essas informações serão produzidas".
 

O estudo completo pode ser lido aqui: http://stateofthemedia.org/

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