Com aplicativos, TV fica mais social


Enquanto assiste no computador a uma das quatro séries de TV que acompanha diariamente, a blogueira Camila Barbieri não larga o smartphone. Usuária do GetGlue, um aplicativo para marcar a quais programas o usuário está assistindo, ela ganha adesivos exclusivos das séries cada vez que usa o sistema para interagir com amigos.

O hábito de ver e comentar programas de televisão simultaneamente é antigo. Mas a popularização de smartphones, tablets e redes sociais deram ferramentas para ampliar o alcance de um comentário. As empresas perceberam o movimento e buscam meios para intermediar a interação. Assim ganharam força nos Estados Unidos e em outros países os aplicativos de TV social, como o GetGlue.

“O interessante é que as pessoas usam o aplicativo para conversar sobre o que estão assistindo com gente do mundo todo”, diz Camila. “É um bom termômetro para saber a popularidade dos programas.”

Esperava-se que a TV Digital abrisse um novo leque de experiências na televisão, mas, por causa de problemas como a falta de padronização da tecnologia, a interação migrou para tablets e celulares. “As emissoras querem a tela limpa. Fizemos vários testes na tela grande, mas não funcionaram porque a experiência do usuário decolou em outros aparelhos”,diz o professor de novas mídias da Faap e ex-vice-presidente de conteúdo da TV Cultura, Eduardo Brandini, que ajudou a desenvolver o sistema de segunda tela da emissora.

Com o aumento dos smartphones no Brasil, o interesse por esses aplicativos cresceu. Uma pesquisa feita pelo Ibope e pela Qual Canal, startup que analisa comentários sobre programas de TV no Twitter, indica que 43% das pessoas usam TV e internet ao mesmo tempo.

A maior parte do grupo é formada por jovens entre 20 e 24 anos e os que mais comentam são adolescentes de 15 a 19anos. “A interatividade está correndo solta há algum tempo no Twitter e no Facebook. Mas agora as pessoas começam a demandar conteúdo extra, que é 
onde entram os aplicativos de segunda tela”, diz André Terra, cofundador da Qual Canal.

Segundo o diretor-geral do Twitter no Brasil, Guilherme Ribenboim, 95% das conversas online sobre TV são feitas na plataforma, e os assuntos relacionados às transmissões são os mais comentados. Neste ano, a final da Copa das Confederações foi o tema que gerou mais mensagens por minuto. “A maior parte dos comentários é feita por meio de celular, e o tablet vem em segundo lugar, muito próximo do computador”, disse.

Interação. O blogueiro e publicitário Giulianno Peccili utiliza os aplicativos GetGlue e o Filmow para registrar filmes e séries que acompanha. “O aplicativo gera papos bacanas com os amigos no Twitter e no Facebook”, diz. Já a jornalista Juliana Guastella Paes utiliza o GetGlue para descobrir novas séries. “Vejo o check-in dos meus amigos no app e descubro novos títulos que eu adoro”, diz.

Como a maioria dos aplicativos usados pelos brasileiros vem de fora, começam a surgir novas empresas para adaptar o modelo ao País.

Uma novidade que será lançada em agosto é o aplicativo Sappos. Criado por quatro ex-diretores do Groupon Brasil, permite interagir com amigos, acessar conteúdos de um programa ou filme, visualizar a grade de programação e comprar produtos relacionados aos programas assistidos. “É difícil encontrar outros países que sejam tão engajados com televisão e redes sociais quanto o Brasil”, diz Thiago Navarro Amorim, cofundador da Sappos.

A empresa agora negocia com emissoras para desenvolver conteúdo exclusivo para o aplicativo, como erros de gravação, trailers, entre outros. A aposta é que a segunda tela vai crescer com outras redes sociais.

Outra a entrar nesse mercado é a startup O2C Hipermídia. A empresa desenvolveu dois aplicativos. Um de segunda tela para o telespectador e outro com foco comercial, que reconhece o áudio de um anúncio e envia para o smartphone uma outra ação, por exemplo, um link para comprar o produto. “O hábito de postar sobre TV é algo que o brasileiro já tem. O que estamos oferecendo é a possibilidade de as pessoas fazerem isso em uma rede específica”, diz Francis Berenger, CEO da empresa.

Ainda é cedo para saber os rumos da segunda tela, já que mesmo nos EUA o modelo não está consolidado. “As emissoras e produtoras enxergam futuro nisso, mas ainda não acharam o pulo do gato”, diz Terra, da Qual Canal. É certo que o sistema vai mudar o consumo de conteúdo pela TV. “A segunda tela é a maior ruptura que o mercado pode esperar. Em até dois anos, uma das grandes transformações é que o controle remoto vai para os dispositivos móveis. Hoje migramos para eles a partir do contato com a primeira tela. Acredito que em cinco anos faremos o inverso”, diz Terra./ 

Fonte: O Estado de S. Paulo / Ligia Aguilhar, com a colaboração de Fiilpe Serrano 22/07/2013

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