Jornalistas brasileiras criam primeira escola livre de jornalismo para o público jovem do país
Natalia Mazotte - Knight Center
Tornar a comunicação uma ferramenta para que jovens possam ler e produzir conteúdo de forma crítica e dar voz às suas comunidades. Esse é o propósito que move as jornalistas Amanda Rahra e Nina Weingrill, responsáveis pela Énois – Agência Escola de Conteúdo Jovem, com sede no Centro de São Paulo.
Tornar a comunicação uma ferramenta para que jovens possam ler e produzir conteúdo de forma crítica e dar voz às suas comunidades. Esse é o propósito que move as jornalistas Amanda Rahra e Nina Weingrill, responsáveis pela Énois – Agência Escola de Conteúdo Jovem, com sede no Centro de São Paulo.
Nina Weingrill. Diretora e co-fundadora da Énois |
Nascido em 2009 a partir de um trabalho de formação no Capão Redondo, um dos bairros mais violentos da periferia paulista, o projeto promove o ensino do jornalismo para jovens que estão entrando no mercado de trabalho. Depois de formar 150 estudantes em cursos presenciais, a dupla resolveu dar um passo adiante para alcançar um número maior de pessoas e criou, em outubro passado, a primeira escola livre de jornalismo do Brasil voltada ao público jovem.
"Hoje a democratização do acesso à educação, cultura e informação foi amplamente facilitada pela internet. Mas não a democratização da produção disso. Esta ainda é regalia daqueles que têm a oportunidade de frequentar uma universidade, uma boa escola. Por isso, quando a gente dá a ferramenta para o jovem, acreditamos que ajudamos a diminuir esse gap", explica Weingrill, em conversa com o Centro Knight para o Jornalismo nas Américas.
Amanda Rahra. Diretora e co-fundadora da Énois. |
A escola vai oferecer cursos online gratuitos com videoaulas, instrutores especialistas e materiais de referência. O primeiro deles já está disponível na plataforma da Udemy: um módulo sobre a produção de videodocumentários. Dividido em quatro seções, ele apresenta alguns conceitos do jornalismo, os processos de criação de uma pauta, a busca pelas informações e a criação do roteiro.
Há apenas três meses no ar, o curso já tem mais de 1600 inscritos. As jornalistas esperam que o impacto na vida dos jovens seja similar ao que conseguiram com seus cursos presenciais. "70% dos que passaram por formação presencial cursam hoje uma faculdade (ganharam bolsa do PROUNI). Acreditamos que isso se deva ao fato de que o jornalismo trabalha profundamente questões ligadas à linguagem, interpretação de texto, escrita e clareza de expressão. Alguns deles já adentraram o mercado de trabalho e estão em agências e/ou áreas de comunicação de ONGs e empresas", conta Weingrill.
Segundo ela, a metodologia aplicada nos treinamentos é diferente da formação clássica dada em universidades de comunicação. A jornalista acredita que o ensino do jornalismo deva ser vivo e aposta "na produção a partir do aprendizado de conceitos". A ideia é estimular os jovens a colocarem a mão na massa. "Não sabemos se esse é o formato ideal para se aprender jornalismo, mas tem funcionado principalmente com esse público, que é ansioso para ver como as coisas são. Acho que o jornalismo precisa mais disso em sala de aula. O novo jornalista deve ser também um empreendedor. Falta perguntar pro aluno de que jeito ele quer aprender, o que está a fim de construir", avalia.
Foi com esse pensamento empreendedor que Rahra e Weingrill viram em uma oficina voluntária de jornalismo que ofereceram para um grupo de adolescentes do Capão Redondo uma oportunidade. O objetivo inicial era produzir uma Fanzine, mas o que era para durar algumas semanas se prolongou por meses e gerou espontaneamente uma redação de jovens motivados a explorar o mundo e escrever sobre suas descobertas.
Nesse momento nasceu a Énois, com foco na produção de conteúdo a partir da inteligência jovem. Através de seus treinamentos, a iniciativa gerou uma rede de adolescentes que experimentam a construção de projetos inovadores na área da comunicação. Com essa rede já foram produzidas as revistas Na Responsa e Zzine, o canal Cultura de Ponta, que reúne a programação cultural da periferia, e o site Geral na Saúde, projeto de pesquisa e comunicação que mapeia dados de saúde nas UBSs da zona sul de São Paulo.
Agora a intenção das jornalistas é lançar, ainda neste semestre, uma plataforma própria para disponibilizar todos os seus cursos. "Os próximos módulos serão disponibilizados já na nova plataforma. Nossa meta é ter 30 novos cursos até o final de 2014", afirma Weingrill.
Fonte: https://knightcenter.utexas.edu/pt-br/blog/00-14981-jornalistas-brasileiras-criam-primeira-escola-livre-de-jornalismo-para-o-publico-jovem / Texto de Natalia Mazotte
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