Educação para os Media contra a "institucionalização da ignorância", defende Pacheco Pereira
O historiador José Pacheco Pereira defendeu ontem (16/04), em Coimbra, que a escola não deve apenas ensinar as crianças a ler, escrever e contar, mas também educá-las para os media, desde a pré-primária. Ao participar hoje, na Universidade de Coimbra, num seminário de doutoramento com a comunicação “Educação para os Media”, o orador realçou que, quando as crianças ingressam no ensino pré-primário, “já têm milhares de horas de televisão”, e que é preciso dar atenção a este fenómeno ainda relativamente recente. “A socialização das crianças é hoje feita muito fora da escola e fora da família”, frisou Pacheco Pereira, acrescentando que a televisão e os jogos de vídeo vêm assumindo muito dessa importante função. No entendimento de Pacheco Pereira, “a sua [das crianças] percepção do tempo e do espaço é moldada pelos media modernos”. Salientou que, na escola, também a criança “é cada vez mais atirada para a internet”, para recolher informação, sem ser ensinada sobre a forma como o deve fazer. Na perspectiva do orador, deve ser ensinado às crianças o modo de ver televisão, alertando que esta não é a realidade, mas “uma construção narrativa”, e de que, na internet, “há lixo e não lixo”, e que é preciso saber navegar com proveito. A não ser assim, cria-se “uma camada de gente analfabeta dos media, mesmo quando os utiliza extensivamente”, acentuou Pacheco Pereira.
O orador acrescentou que, sem essa educação para os media, haverá “uma maior institucionalização da ignorância, uma enorme dificuldade entre o saber e o palpite, uma perda muito significativa do papel da individualidade e da privacidade”. Haverá também – prosseguiu – “uma tendência para um relativismo cultural, em que tudo é igual, tem o mesmo valor”, seja uma canção da moda ou uma música clássica, um vídeo no “youtube” ou um filme de referência. “Tudo isto é o resultado de uma crise das mediações, que é um dos aspectos mais perniciosos do mundo contemporâneo. Ela manifesta-se com a crise da família, enquanto entidade mediadora da transmissão de conhecimentos e de socialização, da crise da escola, na crise das actividades profissionais que também deveriam ter esse papel de mediação, como o próprio jornalismo”, acentuou. Na sua comunicação, Pacheco Pereira expressou também uma visão crítica sobre os media, que diz serem, para “as grandes massas, mais factor de controlo e empobrecimento do que enriquecimento”, e de não se assumirem como inclusivos, mas “perpetuarem factores de exclusão previamente existentes”. (Agência de Notícias Lusa)
O orador acrescentou que, sem essa educação para os media, haverá “uma maior institucionalização da ignorância, uma enorme dificuldade entre o saber e o palpite, uma perda muito significativa do papel da individualidade e da privacidade”. Haverá também – prosseguiu – “uma tendência para um relativismo cultural, em que tudo é igual, tem o mesmo valor”, seja uma canção da moda ou uma música clássica, um vídeo no “youtube” ou um filme de referência. “Tudo isto é o resultado de uma crise das mediações, que é um dos aspectos mais perniciosos do mundo contemporâneo. Ela manifesta-se com a crise da família, enquanto entidade mediadora da transmissão de conhecimentos e de socialização, da crise da escola, na crise das actividades profissionais que também deveriam ter esse papel de mediação, como o próprio jornalismo”, acentuou. Na sua comunicação, Pacheco Pereira expressou também uma visão crítica sobre os media, que diz serem, para “as grandes massas, mais factor de controlo e empobrecimento do que enriquecimento”, e de não se assumirem como inclusivos, mas “perpetuarem factores de exclusão previamente existentes”. (Agência de Notícias Lusa)
Comentários
Postar um comentário