Finlândia combate fake news desde o ensino básico

Projeto educacional inclui a educação midiática em todas as disciplinas

Por Roseli Andrion / Itatiaia (17/01/2023)


Uma disciplina incluída no currículo escolar da Finlândia em 2016 tem ajudado o país a ser o mais resistente à desinformação entre as 41 nações da Europa pela quinta vez consecutiva. A educação midiática chegou às escolas finlandesas depois que uma onda de notícias falsas invadiu o país após a anexação da Crimeia pela Rússia em 2014. 

Muito conteúdo enganoso surgiu nos sites locais e nas redes sociais para influenciar o debate público. A ação rápida do governo deu resultado: o estudo anual do instituto Open Society classificou o país como mais resistente a informações falsas no continente e a pequena nação se tornou referência mundial no combate às fake news. 

Os outros países europeus com alta resiliência a notícias falsas são Noruega, Dinamarca, Estônia, Irlanda e Suécia. Os mais vulneráveis, por sua vez, são Georgia, Macedônia do Norte, Kosovo, Bósnia e Herzegovina e Albânia. Entre os aspectos avaliados pela pesquisa estão liberdade de imprensa, nível de confiança na sociedade e pontuações em leitura, ciências e matemática.

A estratégia da Finlândia foi passar a tratar a educação midiática em todas as disciplinas no ensino básico com o objetivo de desenvolver o pensamento crítico dos alunos. Enquanto matemática ensina como estatísticas podem ser distorcidas, história apresenta campanhas de propaganda para explicam como determinados elementos — palavras, imagens, metáforas — são usados para influenciar.

Embora crianças e adolescentes de hoje tenham crescido em meio às mídias sociais, isso não significa que sabem identificar e se proteger contra vídeos manipulados no TikTok, por exemplo. Um estudo publicado no Jornal Britânico de Psicologia do Desenvolvimento indica que a adolescência pode ser um momento de pico para a teoria da conspiração. 

Nesse cenário, um fator contribuinte pode ser a mídia social, que influencia as crenças dos jovens sobre o mundo. Aqui no Brasil, uma pesquisa da Universidade Federal de Lavras (Ufla) questiona a existência de nativos digitais — uma vez que muitos creem que alguns indivíduos já nascem com habilidades especiais relacionadas a tecnologia. 

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Sistema transversal

Na Finlândia, a educação midiática começa com as crianças e vai até os adolescentes. O objetivo não é que todos os finlandeses desacreditem de tudo o que é dito pela Rússia ou acreditem em tudo o que o governo finlandês diz. A ideia é fazer que a sociedade não aceite todas as informações de forma passiva.

Leo Pekkala, diretor do Instituto Nacional do Audiovisual da Finlândia, que supervisiona a educação midiática, lembra que professores de todas as áreas participam do processo. “Não importa se o profissional está ensinando educação física, matemática ou linguagem, ele tem de pensar em como incluir esses elementos no trabalho com os alunos”, afirma.

Segundo Kari Kivinen, integrante do grupo de combate à desinformação e promoção da educação digital da Comissão Europeia, o objetivo é que os estudantes se perguntem quem produziu a notícia, por que e se há provas do que é dito ou se se trata de uma opinião. “Queremos que nossos alunos pensem duas vezes antes de compartilhar uma notícia”, resume.

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Leia a matéria completa em: itatiaia.com.br/editorias/itatiaia-tecnologia/2023/01/17/finlandia-combate-fake-news-desde-o-ensino-basico

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